Você já se pegou comprando um iogurte 0% de gordura, trocando o queijo por ricota e a velha e tão usada banha de porco por óleo vegetal de soja? Então você está entre as muitas pessoas que têm medo da gordura e acredita que, de alguma forma, ela é responsável pelo seu colesterol alto, pela morte do vizinho por problema cardíaco e acima de tudo, pelo seu sobrepeso. 

Todos os dias no meu consultório ouço pacientes assustados trazendo resultados de exames, lamentando o ganho de peso e alegando que comem muito bem. Eu pergunto sempre o que é comer bem para eles e ouço: “Como pão integral com requeijão light, leite desnatado e cozinho com óleo de canola”. Essas pessoas não têm culpa destas escolhas, mas os profissionais de saúde que cuidam delas têm. A nutrição, assim como a medicina, deve ser baseada em evidências.  

A história da nutrição é longa, mas uma fase importante que chamou muito a atenção dos cientistas foi o crescimento do número de casos de doenças cardíacas de 1900, que era poucos, para 1950 onde virou a principal causa de morte. A partir desta comparação foram criadas hipóteses de que a culpa deste quadro era da gordura da dieta, principalmente da saturada. Essa hipótese foi dada como verdadeira antes mesmo de ser devidamente comprovada. As instituições oficiais adotaram essa ideia como uma espécie de dogma e ficou cada vez mais difícil, até para grandes especialistas, contestá-la. 

Desde a década de 70 os norte-americanos vêm aumentado a ingestão de frutas, hortaliças e cereais e reduzido a quantidade de carnes e gorduras em geral significantemente. Retirando-se os ovos do café da manhã, a procura passou a ser pães, biscoitos, iogurtes, sucos etc. Com a baixa qualidade dos alimentos industrializados, comer a cada3 horas tornou-se inevitável. E com isso, a obesidade continua crescendo, as mortes por doenças cardíacas estão em primeiro lugar e agora temos a Diabetes Mellitus concorrendo com essas doenças. 

A gordura traz saciedade e energia. Quando ingerimos mais gordura passamos naturalmente a comer menos e ter menos fome. E o melhor, podemos diminuir os carboidratos simples que em excesso estão nos causando tantos problemas como perfil lipídico alterado, pressão alta (quando sua insulina está alta seus rins retêm sódio), ansiedade, obesidade, compulsão alimentar entre outros. 

Meus pacientes que consumem mais gordura e proteínas e controlam bem os carboidratos (os simples principalmente), tem apresentado não só melhora nos exames laboratoriais, mas em qualidade de vida e perda de peso.  

Não podemos esquecer do bom senso, claro. Toda refeição precisa ter alguma gordura de verdade, mas com moderação.  Se a carne for muito gorda, coma com vegetais crus ou cozidos. Se a carne for magra, refogue os vegetais na manteiga ou no azeite. Dispensem os óleos vegetais. Usem gordura de verdade. Comam sempre vegetais e frutas com moderação pois apesar de maravilhosas nutricionalmente, elas possuem açúcar. Ninguém nunca comeu 5 porções de frutas por dia na história da humanidade. Coma queijo e castanhas. Coma ovos. Nunca ouvi falar de ninguém que teve compulsão comendo carne e ovos. 

Equilíbrio continua sendo a palavra chave na nutrição. Devemos olhar para trás e ver o que sempre comemos desde os primórdios. O que deu errado no caminho? As coisas não estão funcionando da forma que estão sendo conduzidas e os resultados de hoje só estão trazendo benefícios para a indústria farmacêutica e alimentícia.  

Marianne W. Boloçoa

Nutricionista Clínica Ortomolecular

CRN 3 – 49749