Existem diretrizes nacionais na nutrição que estipulam a distribuição dos macronutrientes em uma dieta. É definido através delas, que cerca de 60% da dieta deve ser composta por carboidratos. Não importa a espécie deste carboidrato. Pode ser desde bolachas água e sal ao bom e velho arroz e feijão. Todos são obrigados a seguir essas diretrizes? Não. Como muitos nutricionistas, eu não sigo essas diretrizes por achar, não empiricamente, mas através de muitos estudos, que nenhum tipo de pessoa se beneficiaria com isso. Portanto, as dietas que tenham menos do que esses 60% de carboidratos são consideradas low carb, ou, de baixo carboidrato. As quantidades consumidas variam de acordo com a necessidade de cada pessoa. A ingestão de menos do que 20g de carboidratos no dia, é considerada dieta Cetogênica, ou seja, praticamente sem carboidratos. Nesta dieta a presença da glicose consumida é tão baixa que o organismo passa a criar corpos cetônicos (através da gordura) e usá-los como fonte de energia. O tratamento de epilepsia em crianças era feito a partir desta forma intensa da low carb já na década de 20.
Não se trata de uma dieta da moda onde a pessoa tem por objetivo somente emagrecer a todo o custo e sem nenhum fundamento. Muito menos de retirar totalmente qualquer espécie de carboidrato de sua vida (embora alguns tirem e vivam bem com isso). Trata-se de olhar para trás, percorrer a história da humanidade e tentar entender se realmente precisamos comer tudo o que comemos ou se a função de alguns é somente o prazer. E qual o preço desse prazer?
Existe um apelo cultural fortíssimo que nos faz pensar que a dieta de baixo carboidrato pode ser perigosa, mas comer arroz e feijão todos os dias é realmente necessário? Deve-se quebrar o jejum pela manhã com pães industrializados integrais e cheios de grãos? Comer cerca de 5 porções de frutas no dia é realmente bom para a saúde?
O crescimento industrial foi rápido e toda a intenção desta indústria foi facilitar nossa vida e nos trazer junto com esta praticidade, saúde. Será? Será que a gordura animal, sempre tão consumida pelo ser humano, é maléfica à saúde e a vegetal, criada há pouco tempo pelo homem, é a saudável? O que é Canola? De onde vem? Comer de 3 em 3 horas é realmente necessário?
Com todo o acesso à internet é difícil saber em que fonte acreditar. A nutrição está ganhando forças e passando por um momento de muito estudo e quebras de tabus. Tabus esses que vem prejudicando a humanidade há anos. Isso é fato. É fato que a obesidade continua presente e crescente, as cirurgias bariátricas cada vez mais necessárias, as academias cada vez mais cheias e os consultórios também. Cheio de pessoas doentes, viciadas em açúcar, ansiosas, que não dormem direito e muito menos suficiente, pessoas com metabolismos extremos que não emagrecem ou não conseguem ganhar peso, falta de músculo, excesso de gordura corporal e nada de energia. Isso tem que nos fazer parar e pensar que a velha pirâmide alimentar, os 60% de carboidratos sugeridos, os produtos industrializados e a fuga da gordura natural tão temida, enfim, algo está errado e não está funcionando.
Cada vez mais a pessoas fogem do sal e do sol, que em medidas moderadas são necessários para a vida, e correm para o açúcar, álcool e conservantes. Não é moda comer alimentos que sejam o mais natural possível. Pensar em nutrientes ao invés de somente pensar em calorias. Usar a boa e velha gordura natural dos alimentos ao invés do óleo de canola e milho. Escolher o seu carboidrato de fontes naturais mais do que de farináceos empacotados e cheios de conservantes e açúcar ou de grãos que passaram por muitas modificações ao longo dos anos. A carne, a batata, os vegetais sempre serão a escolha saudável. As frutas nunca existiram o ano todo como existem agora. A sazonalidade nos trazia poucas escolhas. Hoje encontramos de tudo nos varejões. Porém, o excesso dessas frutas naturais e saudáveis nos faz ingerir uma quantidade de açúcar (frutose) muito além do que nosso corpo sempre precisou e esteve acostumado. Comer sempre foi uma ação para quem sentia fome. Hoje virou receita de remédio: de tantas em tantas horas tenha fome ou não. Alguma coisa está errada e deve começar a ser mudada.
A dieta de baixo carboidrato é benéfica para quem está obeso e que, por estar em um estado inflamatório e fazendo escolhas ruins, não consegue sair do estado de fome e inflamação. É benéfica para quem quer ganhar peso, mas com boas calorias e ganhando músculos e não ganhando ansiedade e talvez uma Diabetes tipo II. Para você que não tem problema de peso, mas tem ovário policístico, menstruação desregulada, fome descontrolada, enxaqueca, insônia, ansiedade, compulsão alimentar, déficit de atenção, oscilações de humor etc, diminuir a ingestão de carboidratos é totalmente benéfico. E não se trata de encerrar a sua vida social e nunca mais comer aquela pizza com os amigos. Trata-se se boas escolhas diárias. Trata-se de sair dos padrões culturais do pão, bolachas integrais, arroz, feijão e muitas frutas no dia. De usar a tecnologia dos alimentos industrializados, do fast food, às vezes e não todos os finais de semana. Começar a ter prazer em fazer comidas de verdade como sempre fizemos. Reunir os amigos em volta de uma mesa de vegetais, queijos, azeite, carnes, cogumelos e prepará-los da forma mais simples possível. Aprender a usar ervas e temperos de verdade.
Você não tem que saber tudo isso e entender de alimentos e metabolismo. Portanto é necessário escolher um profissional de saúde que te mostre outro caminho, que te ajude a entender que não é porque existe na indústria que deve ser usado no seu dia a dia. Você tem escolhas e vai saber que está sendo bem orientado, através dos resultados de exames de sangue, melhora na sua disposição, no seu autocontrole e ganho de energia. Nós estamos aqui estudando tudo isso para orientar. Devemos conhecer os pacientes e entender qual distribuição de macronutrientes é interessante para seu caso.
Exija todas essas respostas e orientações pois, até agora, seguindo as velhas diretrizes, estamos conseguindo alcançar os Estados Unidos em número de obesidade, estamos morrendo de Diabetes todos os dias e ataques do coração que não são causados pelas gorduras animais que sempre foram tão consumidas desde a época das cavernas. Essas mudanças de paradigmas precisam acontecer neste exato momento de maior crise na saúde humana. A dieta low carb é científica e visa trazer equilíbrio dos macronutrientes de forma diferente das estipuladas pelas diretrizes. Ela não é moda e já possui cursos de pós-graduação e extensão de ótima qualidade para profissionais de saúde, autorizados e reconhecidos pelo MEC.
Marianne W. Boloçoa
Nutricionista Clínica Ortomolecular – CRN3: 49749