A obesidade é uma doença multifatorial e nem sempre é consequência de alta ingestão de calorias. Mesmo assim, pode-se dizer que o hormônio insulina é o determinante isolado mais importante para o ganho de peso. Por esse motivo, não só peço sempre exame de Insulina basal para meus pacientes, como também costumo falar muito dela para que fique clara a sua importância no impacto da saúde.
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e tem como função principal hoje em dia (nem sempre essa foi sua função principal) metabolizar a glicose (açúcar do sangue) para gerar energia. Ou seja, todas as vezes que você ingere algum alimento que se transforma em açúcar (carboidratos, sejam eles integrais ou não), este hormônio entra em ação para retirar essa glicose do sangue (afinal, ela é tóxica).
O nosso problema começa quando essa insulina passa a ser muito solicitada. O corpo então pode começar a criar uma resistência a mesma e com isso, seu pâncreas produz ainda mais deste hormônio para obter uma resposta. Como resultado, sua insulina estará sempre alta (hiperinsulinismo).
Esse hiperinsulinismo e a resistência insulínica criada, vão dificultar a quebra de gordura além de resultar em fome, vontade de doces, cansaço e, serem facilitadores de alguns problemas muito sérios de saúde como: diabetes tipo 2, hipertensão arterial (insulina alta, rim sobrecarregado, retenção de sódio), ovário policístico, síndrome metabólica, obesidade, câncer, dentre outros.
O que eu vejo hoje no meu consultório são pessoas cada vez mais dependentes de doces e alimentos à base de farinha, cada vez mais obesos, com sintomas de TPM e ansiedade, perfil lipídico alterado, doenças intestinais e confusos. Sim, estão confusos pois são muitas vezes mal orientados por profissionais de saúde e iludidos pela mídia. Acham que estão cuidando da saúde ao contar calorias, ao trocar o pão branco por integral (mais uma artimanha da indústria), ao consumir mel ou açúcar demerara e ao comer muitas frutas e tomar sucos. Desta forma, continuamos ingerindo uma quantidade enorme de açúcar no dia e mantemos, mesmo comendo em pouca quantidade, nossa insulina trabalhando o dia todo.
Os hormônios são muito importantes quando o assunto é obesidade. Além da insulina temos o cortisol (hormônio do stress) que se transforma em glicose, temos os hormônios da tireoide, hormônios sexuais, grelina, leptina etc. Todos eles têm influência no ganho de peso. Mas, a insulina continua sendo o foco da nossa pandemia de obesidade. Ela está trabalhando como nunca precisou trabalhar antes por causa do excesso de açúcar ingerido nos dias atuais. E quando esse excesso se transforma em obesidade e diabetes, existem remédios que cuidam disso, ou seja, não é necessário parar de ingerir esses alimentos. Desta forma as pessoas não precisam abrir mão de nada e a indústria, tanto farmacêutica quanto alimentícia, continuam tendo lucro.
Minha dica é, comam mais alimentos de verdade. Façam suas compras em açougues e varejões. Deixem o trigo de hoje (totalmente modificado), açúcar e outros encantos da indústria para comer esporadicamente. Cuide do emocional (lembra do hormônio do stress?) e exercite-se. Desta forma sua insulina irá trabalhar somente o necessário e sua boa saúde será consequência.
Dra. Marianne W Boloçôa